Consumo de carne e risco de endometriose
Dr. Tomyo Arazawa • jul. 04, 2018

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Sabemos que a endometriose é uma doença inflamatória crônica , representada pela presença de tecido semelhante ao do endométrio fora da cavidade do útero. Existem inúmeros fatores que podem influenciar o aparecimento e crescimento das lesões de endometriose. E um desses fatores é a alimentação, e nesse sentido o consumo de carne vermelha parece ser de grande importância.

Sabemos que tudo o que comemos de uma forma ou de outra será integrado ao nosso corpo. Nós somos o que nós comemos! Por isso é tão importante prestar atenção na qualidade da sua alimentação. Especialmente se você já tiver o diagnóstico de alguma doença crônica, como endometriose.

Um estudo recém publicado avaliou a influência do consumo de diversos tipos de fontes de proteína animais e o risco de diagnóstico de endometriose.

O Estudo

O estudo em questão foi publicado este mês (julho 2018) na revista American Journal of Obstetrics and Gynecology por Yamamoto e colaboradores. Foi um estudo prospectivo, realizado entre 1991 e 2013, e envolveu um total de 81.908 participantes, o que confere grande força estatística aos resultados encontrados! Poucos estudos conseguem envolver um número tão grande de participantes. Os dados foram obtidos de um estudo maior, chamado de Nurse’s Health Study II conduzido nos Estados Unidos, no qual as enfermeiras envolvidas preencheram questionários alimentares ao longo dos anos. Nesse período foram diagnosticados 3800 casos de endometriose confirmados por laparoscopia.

Nesse estudo foi avaliado a relação entre consumo de carne vermelha, aves, peixe, ovos e frutos do mar, com o risco de ter o diagnóstico de endometriose.

Resultados

Entre todos os tipos de proteína de origem animal avaliados, somente a carne vermelha, seja ela processada ou não processada, teve correlação com maior risco de ter o diagnóstico de endometriose. Esse risco foi progressivamente maior conforme a maior ingesta de carne vermelha. Ou seja, quanto mais carne vermelha uma mulher consumia por semana, maior o risco.

Essa correlação foi estatisticamente significante a partir do consumo de 2 a 4 porções por semana de carne vermelha, quando comparada a um consumo menor ou igual a 1 porção por semana (p<0,001). Quando o consumo de carne vermelha era de mais de 2 porções por dia, o risco de ter endometriose foi de 56% maior quando comparado a mulheres que consumiram menos de 1 porção por semana.

O consumo de aves, ovos, peixes e frutos do mar não foi relacionado a maior risco de ter endometriose. Ainda sim é importante prestar atenção na origem dessas fontes de proteína. Dê preferência a alimentos que não receberam hormônios.

Qual a relação entre carne vermelha e risco de endometriose?

As mulheres com maior consumo de carne tinham um consumo de calorias maior que as demais mulheres. Elas também tiveram uma maior propensão a ser obesas. Pacientes com obesidade sabidamente têm um maior nível de inflamação, o que pode contribuir com a endometriose.

Outro fator são os nutrientes que estão altamente concentrados em carnes vermelhas, especialmente o Ferro Heme e a gordura animal. Ferro Heme é um tipo de ferro encontrado em fontes animais, e é diferente do Ferro encontrado em fontes vegetais, e é absorvido com maior facilidade pelo nosso corpo. Esse tipo de Ferro está associado a maior inflamação e mecanismos de estresse oxidativo, que são potenciais contribuidores da endometriose. Outra evidência que suporta isso é que mulheres com endometriose têm uma menor concentração de Hemopexina, uma proteína que transporta o Ferro Heme. Isso significa que mulheres com endometriose têm maior dificuldade para eliminar esse tipo de Ferro do seu corpo.

A associação da ingesta de carne vermelha e endometriose não foi forte o suficiente em pacientes com infertilidade, o que sugere que a carne está associada mais com sintomas de dor, o que facilitaria o diagnóstico.

Embora os mecanismos fisiológicos ainda não sejam totalmente conhecidas, acredita-se que o aumento de consumo de carnes vermelhas aumente também a quantidade de hormônios esteróides.

O que podemos fazer na prática?

A partir desse estudo ficou claro que mulheres com uma alimentação rica em carne vermelha tiveram maior risco de ter diagnóstico de endometriose. Isso não significa que mulheres que não comem carne vermelha não têm risco, pois a endometriose depende de inúmeros fatores. Mas pacientes com antecedente de endometriose, seja pessoal ou familiar, devem ficar mais atentas a esse fator de risco, e reduzir o consumo de carne vermelha! Segundo este estudo, o ideal seria 1 porção de carne por semana para ter um risco mais baixo.

 

Referências:

  1. Yamamoto A, Harris HR, Vitonis F, et al. A prospective cohort study of meat and fish consumption and endometriosis risk. Am J Obstet Gynecol 2018 (in press)
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