O que é endometriose profunda e quais são os sinais?
Alira Clínica • out. 05, 2021

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Você sabe o que é endometriose profunda e por que ela exige atenção entre as mulheres?


De acordo com dados do Ministério da Saúde, a endometriose tem prevalência de 10% na população feminina. Além disso, 30% a 60% dos casos de infertilidade estão relacionados a ela. A manifestação profunda é a forma mais avançada da doença, que ocorre quando um tecido semelhante ao endometrial (camada interna do útero) atinge uma profundidade do tecido maior que 5 mm. 


Mas afinal, o que isso significa? A seguir, entenda melhor como ocorre a patologia, quais são os seus sintomas, principais riscos e meios de combatê-la.


O que é a endometriose profunda?


De forma resumida, a endometriose ocorre quando células muito semelhantes às do endométrio surgem em locais fora do útero. Sua origem e evolução dependem de diversos fatores (multifatorial), como fatores hormonais, genéticos, imunológicos, inflamatórios, ambientais e a alterações celulares (biomoleculares).


Como já mencionamos no blog, existem diversos
tipos de endometriose, com sintomas variáveis e locais diferentes onde alocam-se as células endometriais. 


Porém, o fator que define o que é endometriose profunda é a
infiltração dessas células no peritônio (membrana que envolve os órgãos na pelve e no abdome) em profundidade igual ou maior que 5mm.

Lesões de endometriose superficial, visualizadas no intraoperatório da laparoscopia, conferindo aspecto “salpicado” esbranquiçado no peritônio (camada que reveste as estruturas da pelve).

Lesão de endometriose profunda, com aspecto de “retração” na região do ligamento uterossacro esquerdo, aderido à alça intestinal.

Geralmente, a condição afeta os órgãos que estão presentes ou próximos desta área, como intestino, bexiga, ligamento útero sacro, vagina e parte posterior do colo do útero.

Imagem retirada do Livro Williams, Gynecology- segunda edição. Representando a pelve lateralmente e os principais locais que a doença pode acometer.

A manifestação profunda pode ocasionar sintomas sugestivos da doença por alguns motivos específicos:


  • Reação inflamatória e crescimento dos focos em si;


  • Infiltração profunda nos tecidos pode comprometer nervos pélvicos;


  • Após a inflamação do foco, ocorre um processo de cicatrização do tecido, gerando fibrose. Isso pode gerar redução da mobilidade testes tecidos/órgãos, além de redução do aporte de sangue para a região;


  • A presença do foco na região por um período maior de tempo pode causar hipersensibilização do sistema nervoso central. Isso significa que um estímulo pequeno, que antes causava pouco ou nenhum sintoma, pode passar a causá-los, ou seja, há um aumento da percepção de dor.


Além de comprometer a qualidade de vida da mulher, a presença da doença pode causar infertilidade, especialmente quando o diagnóstico e o tratamento são instituídos tardiamente. Quando isso ocorre, pode estar relacionado a alguns fatores:


  • Comprometimento das trompas (que conduzem o óvulo ao útero) pela inflamação e fibrose do tecido endometriótico;


  • À própria inflamação pélvica que pode comprometer a qualidade do endométrio (camada interna do útero) para receber o embrião após a fecundação;


  • Comprometimento da reserva ovariana (de óvulos) pela presença de endometriomas ovarianos.


Quais são os sinais e sintomas da endometriose profunda?


A maioria das pacientes com endometriose profunda possuem sintomas da doença, mas cerca de 5% delas são totalmente assintomáticas, de acordo com dados publicados pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). 


A falta de sintomas pode dificultar o diagnóstico, no entanto,
o mais comum é que a doença tenha sintomas e sinais característicos, que variam de acordo com o órgão acometido


Sintomas são as queixas que a paciente refere durante a consulta. E o sinais são achados ao exame físico, que reforçam a hipótese de ser endometriose. Os principais deles são:


  • Dores pélvicas crônicas;
  • Cólicas menstruais (geralmente intensas);
  • Dor pélvica durante o período ovulatório importante e/ou fora do período menstrual
  • Sintomas urinários como dor durante ou após a micção,  urgência para urinar, sensação de esvaziamento incompleto, durante ou antes do período de menstruação;
  • Dores nas relações sexuais;
  • Sensação crônica de fadiga;
  • Diarreia ou constipação;
  • Dor para evacuar no período menstrual ou sensação de evacuação incompleta;
  • Distensão abdominal;
  • Infertilidade (independentemente da presença dos sintomas dolorosos).


Diagnóstico


Quando os sinais da endometriose começam a surgir e ainda não são graves, é comum que as mulheres os confundam com os desconfortos gerados pela menstruação


Sabendo o que é endometriose profunda e os riscos de seu avanço, é
imprescindível realizar uma investigação adequada sempre que dores ou alterações forem identificadas no dia a dia.


Isso também reforça a importância das
consultas regulares ao ginecologista, que deve levantar a possibilidade da doença na presença após realização de história clínica e exame físico adequado. 


Após levantada a hipótese diagnóstica de endometriose, exames de imagem são necessários para que o diagnóstico seja confirmado.


Os principais deles são o
ultrassom transvaginal e/ou a ressonância magnética, ambos com preparo do intestino (esvaziamento da parte final do intestino com preparo medicamentoso pré exame). Eles podem ou não ser associados, dependendo de cada caso avaliado, para garantir uma identificação precisa da patologia e dos locais de acometimento da doença. 

Imagem cedida pela Dra. Luciana Chamiè, radiologista especialista em endometriose, realizada por meio de ultrassom transvaginal mostrando infiltração da doença em camadas mais profundas do intestino

Imagem retirada do Livro Williams, Gynecology- segunda edição. Representando na seta amarela, nódulo de endometriose infiltrando a parede do abdome.

Ambos os exames, quando realizados com preparo intestinal adequado, e por radiologistas especializados e treinados para identificar a endometriose, têm excelentes taxas de diagnóstico da doença profunda. De acordo com alguns estudos, o ultrassom transvaginal pode ter sensibilidade discretamente maior para detecção da doença, além de ser um exame sem utilização de contraste e mais acessível  em termos de custo. 


Desta maneira, atualmente damos prioridade para solicitação do ultrassom transvaginal realizado por especialista para diagnóstico da doença. Em alguns casos, solicitamos a ressonância magnética de maneira associada ou isoladamente, como em suspeita de lesões diafragmáticas, de lesões profundas acometendo nervos e assoalho pélvico, ou em casos de pacientes virgens, que não desejam realizar o ultrassom transvaginal. 


Tratamento


Agora que você já sabe o que é endometriose profunda e quais os seus principais sintomas, vamos abordar brevemente como funcionam as alternativas de tratamento para a doença.


De maneira geral,
o objetivo das intervenções é proporcionar alívio para as dores pélvicas e sintomas associados, prevenir recorrências e resolver casos de infertilidade e melhorar a qualidade de vida da paciente.


Da mesma maneira que a doença depende de diversos fatores para ocorrer, possui manifestações múltiplas, o tratamento também deve englobar diversas frentes: tratamento clínico, cirúrgico, e sempre envolvendo a equipe multidisciplinar (nutrição, fisioterapia pélvica, acupuntura, osteopatia, cirurgião do aparelho digestivo, especialistas em dor) . A localização e extensão da doença, definidos a partir da avaliação clínica e dos exames de imagem citados anteriormente, também são essenciais para definirmos condutas adequadas. 


Os principais protocolos mundiais , também adotados
Febrasgo, advogam que a cirurgia pode ser benéfica para remover implantes endometriais, restaurar a anatomia comprometida e reduzir a inflamação pélvica e consequentemente os sintomas, sendo indicada especialmente nos casos em que: 


  • Há falha no tratamento clínico para controle de sintomas ou intolerância/ contra-indicações às medicações propostas -- e, importante dizer que isto INDEPENDE da doença ter manifestação superficial ou profunda, o que indica cirurgia é a gravidade de sinais e sintomas que a paciente apresenta; 
  • Acometimento de locais específicos da pelve e/ou abdome que, se não forem retiradas as lesões, podem gerar comprometimento importante de órgãos: ureteres e íleo terminal (região do intestino fino);
  • Estenose (redução do calibre da alça) intestinal associada à semi-obstrução intestinal;
  • Endometriose de apêndice cecal;
  • Endometriomas acima de 4 cm;
  • Endometriose associada a infertilidade sem outras causas; e/ou com falhas de FIV (fertilização in-vitro) anteriores; e/ou em casos de doenças avançadas em pacientes que irão ser submetidas a FIV; ou pacientes com infertilidade que não desejam realizar procedimentos de reprodução assistida. 


Todos os tratamentos ou condutas operatórias devem ser individualizadas e as
decisões terapêuticas devem ser personalizadas e compartilhadas junto às pacientes, que precisam estar cientes sobre suas condições, benefícios e possíveis riscos para que sejam sempre protagonistas da sua própria saúde. 


Assistência médica é essencial


Conforme abordamos ao longo deste artigo, a endometriose é uma doença prevalente em 1 a cada 10 mulheres, que pode comprometer de maneira significativa a qualidade de vida da mulher, tanto nas manifestações superficiais quanto na manifestação profunda.


O diagnóstico e a instituição de tratamento precoce são indispensáveis para minimizar a gravidade da patologia. Isso significa que toda mulher deve buscar ajuda médica especializada caso perceba alguma alteração em seu organismo. Deste modo, autoconhecimento ao seu próprio corpo, escutar sempre os sinais que ele te dá de que algo não vai bem, além de consultas regulares ao ginecologistas são fundamentais. Se sentir algum sintoma sugestivo da doença, procure uma equipe que te acolha e que seja especialista. É possível viver bem e com qualidade de vida!


Se você gostou de saber mais sobre o que é
endometriose profunda, não deixe de informar-se sobre outros temas tão importantes quanto esse. Continue acompanhando os conteúdos de nosso blog e contate nossa equipe caso tenha qualquer dúvida sobre o assunto.



Referências bibliográficas:

  1. Guerriero S, Saba L, Pascual MA, Ajossa S, Rodriguez I, Mais V, Alcazar JL.Transvaginal ultrasound vs magnetic resonance imaging for diagnosing deep infiltrating endometriosis: systematic review and meta-analysis. 2018 May;51(5):586-595. doi: 10.1002/uog.18961.
  2. Williams Gynecology, Second edition. 


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